“Ele pintava em portas, geladeiras, paredes e até no chão.": Basquiat no CCBB
O CCBB de São Paulo está com uma mostra itinerante da primeira grande retrospectiva dos trabalhos de Jean-Michel Basquiat, coleção do israelense Jose Mugrabi.
Sendo um dos maiores ícones da cultura e arte pop, referência em arte urbana, considerado um neo-expressionista pelos críticos de arte da época, Basquiat foi um dos primeiros afroamericanos a conquistar um lugar de destaque no mundo da arte.
Filho de um contador haitiano que colecionava discos de música jazz e de uma porto-riquenha que incentivou seu interesse por museus pelo seu gosto por passear por eles, Basquiat nasceu e cresceu no bairro de Brooklyn, em Nova York, na década de 70.
Manhattan, na época, era uma das cidades mais violentas do mundo, porém um cenário de nascimento de ícones da arte efervescente. Seu talento foi primeiramente reconhecido por seus grafites de ruas e metrôs, os quais o fazia junto a um amigo Al Diaz, também conhecido como Samo. Posteriormente, foi, então, escolhido por Warhol para ser seu parceiro profissionalmente.
As mais de 80 obras assinadas pelo artista e reunidas no museu refletem o caráter nova-iorquino de empolgação e decadência, exibindo as mais clássicas características de Basquiat: uma “subversão a hierarquias artísticas convencionais” que mistura historicamente diferentes estilos e técnicas de arte e a repetição de elementos, que cria ritmos e dá vivacidade às suas obras.
Telas de grandes dimensões tomam o lugar da exposição, além de outros canais que o nova-iorquino usava para se expressar, como desenhos que mostram seu processo de criação e até uma porta na qual pintou. “Ele pintava em portas, geladeiras, paredes e até no chão.” – Pieter Tjabbes (curador da exposição). Deixou para o mundo 2000 obras de arte, muitas nas mãos de colecionadores particulares.
Ficou clara a referência ao livro de anatomia que sua mãe lhe deu quando foi atropelado, como o objetivo de entretê-lo durante sua recuperação, no conteúdo exposto, com repetições de partes corporais, como pés e mãos. Há, também, uma homenagem a seus mestres, refletida numa coleção de pratos pintados com nomes de artistas que o inspiravam, como Haring, Picasso, Cezane e Warhol.
Basquiat morreu cedo, aos 27 anos, vítima do cenário extremista do uso de drogas em que vivia. Seu trabalho foi uma profunda narrativa de sua experiência nas ruas e de sua bagagem cultural. Foi e ainda é um dos artistas mais reverenciados pela juventude por seu estilo estético contestador e magnético. A boa notícia é que a exposição quando sair de São Paulo, irá para Brasília, Belo Horizonte e Rio de Janeiro. Já dá até para marcar na agenda!
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